Terminal joinvilense depende de obras e novos instrumentos para conquistar mais voos e passageiros
Um milhão de passageiros por ano. A meta, ousada e otimista, mais do que dobraria a média anual de usuários do Aeroporto de Joinville – Lauro Carneiro de Loyola. A estimativa é de que ela possa deixar de ser apenas uma meta em três anos. Com a instalação do ILS (Instrument Landing System), sistema que facilita as operações de pouso nos aeroportos, aliada ao uso do RNP AR (Required Navigation Performance - Authorization Required), procedimento de aproximação e pouso orientado por satélite, o superintendente do terminal joinvilense, Rones Rubens Heidemann, garante que, no primeiro semestre de 2014, o Aeroporto de Joinville será um dos mais seguros e bem equipados do Sul do País.
Fabrício Porto/ND
Equipamentos de segurança são a principal necessidade para o Aeroporto de Joinville atrair mais passageiros
Para colocar o ILS em funcionamento (o aparelho alemão custou R$ 3 milhões e já está em Joinville) ainda é necessário vencer duas barreiras: a implantação da EMS 1 (Estação Meteorológica de Superfície de Classe 1) e a homologação do ILS pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). O Consórcio Hobeco Ltda./Hobeco S.A./GM2 Ltda receberá R$ 2,5 milhões da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) para instalar a estação.
Segundo Rones, a mudança da estação de nível dois para uma estação de nível um estava prevista desde o início do projeto, mas a licitação não ocorreu antes pela burocracia do processo.“Não têm muitos fornecedores no mundo e existem burocracias que têm que ser vencidas numa pré-licitação, mas já foi concluída. O contrato foi assinado e a instalação vai ser feita nesse ano”, informa.
Com a posse judicial de três áreas (de Antônio Carlos Schulze, Hélio Schuettzler, e do Clube dos 21), a Infraero já iniciou a obra de um novo muro no aeroporto para delimitar o novo espaço e garantir segurança operacional. Nessa primeira fase, a Porto Berton Ltda, de Nova Santa Rita, no Rio Grande do Sul, recebe R$ 281,5 mil para construir um muro de 300 metros. “Provavelmente essa obra será distribuída em três fases. Para o restante, estamos aguardando a licença de instalação da Fatma e da Fundema, que deve sair nos próximos dias. A licitação total é de R$ 3 milhões”, detalha.
Melhorias em todas as áreas
Até o final do ano, a AJW Construções, de Florianópolis, conclui as obras de acessibilidade universal do Aeroporto de Joinville. “Começou mês passado e tem adequações com rampas e outras frentes. É uma obra bastante completa, de R$ 511 mil”, destaca o superintendente Rones Rubens Heidemann.
Os telhados do aeroporto e a estrutura metálica também passam por revitalização até dezembro. “O terminal fez nove anos agora em março e ele é todo metálico, então começou a aparecer pontos de corrosão nos metais”, explica. A obra custará R$ 308 mil e está sendo executada pela Emieski Empreiteira de Obras.
Ainda nesse ano também devem ser lançados os editais de licitação para a implantação de angares. Também se planeja a ampliação do terminal de cargas. “Ele será seis vezes maior do que o atual e está em projeto. O prédio dos bombeiros (Serviço de Salvamento e Combate a Incêndio) já foi licitado por R$ 6 milhões. A obra começa nesse ano e o prazo é de 360 dias de obra”, complementa.
Desapropriações estão sendo feitas
Para garantir áreas livres de obstáculos no entorno do Aeroporto de Joinville, as Procuradorias do Município e da Infraero trabalham na desapropriação de mais 27 áreas consideradas de utilidade pública pelo decreto 16.274/2009. “Para expansão imediata, nós já temos a área que é do Antônio Carlos Schulze. Essas 27 laterais têm a ver com a homologação do ILS e com a área de transição do aeroporto, questão de legislação, não haverá obras”, detalha Rones Rubens Heidemann.
Atualmente, a Infraero já tem a posse de três áreas e aguarda a emissão de posse da área do Aeroclube de Joinville e a entrega dos campos dos clubes Aviação, Operário, Minerasil, Santos Dumont, Teco Teco e do Piquete Chaleira Preta. Na próxima terça (20), às 20h, os associados do Aeroclube de Joinville se reúnem para discutir a ação de desapropriação vencida pela Infraero e alternativas de mudança da sede. “Podemos contestar o valor, mas a desapropriação é uma realidade. Vamos conversar para definir o que fazer”, diz Moacir Pinheiro, diretor financeiro da entidade.
Sobre os campos de futebol, Jalmei Duarte, secretário de Integração e Desenvolvimento Econômico de Joinville, afirma que a Prefeitura segue buscando uma área, mas tem encontrado dificuldades. “A área dos campos é da Prefeitura e esses clubes tiveram a concessão por todos esses anos sem pagar. Mesmo assim, entendemos a importância e estamos buscando alternativas até outubro, prazo que eles têm para sair”, explica.
Ampliação da pista
A ampliação da pista do Aeroporto de Joinville em 300 metros na cabeceira 15 e em 150 metros na cabeceira 33 depende de uma nova licença ambiental para a retificação do rio Cubatão. A licença que o município tinha venceu no final de 2011 e agora a Prefeitura de Joinville trabalha para buscar novo licenciamento da Fatma (Fundação do Meio Ambiente). Para realizar as obras, será necessário desapropriar mais 101 lotes localizados às margens do rio Cubatão, na Vila Cubatão, considerados de utilidade pública pelo decreto 18.045/2011. “A gente quer começar essa discussão sobre as desapropriações com a Infraero ainda nesse ano”, diz o secretário de Integração e Desenvolvimento Econômico, Jalmei Duarte. Hoje, a pista do aeroporto tem 1.640 metros.
Maior concorrência
Para o superintendente do Aeroporto de Joinville, Rones Rubens Heidemann, faltam mais voos e mais passageiros para que a aviação comercial de Joinville decole. “O que move esse mercado? Passageiros. Por que nós não temos passageiros? Porque o aeroporto não é muito confiável no ponto de vista das pessoas, então elas vão a Curitiba. Não tendo passageiros aqui, não têm novos voos. Não tendo novos voos, as companhias aéreas não se interessam em concorrer. Não havendo concorrência, não tem promoção e as pessoas vão para Curitiba”, analisa.
Para garantir mais confiabilidade nas saídas do terminal, ele afirma que é preciso inverter essa pirâmide. Para isso, a Infraero está investindo para que os vôos sejam operados por instrumentos de precisão. “Em média, menos de 5% dos vôos não pousam aqui, mas a percepção que se tem é que 30 a 40% dos vôos não pousam. E como se faz esse convencimento? Não se faz. Você tem que apresentar fatos e é o que a gente está fazendo com o ILS e o RNP AR”, avalia.
Em 2012, 421.523 passageiros utilizaram o terminal de Joinville para pousos e decolagens. A estimativa é de que, nesse ano, o número de passageiros chegue a 400 mil. Atualmente, Joinville tem 116 horários de voos semanais (chegadas e partidas) para as cidades de São Paulo (SP), Campinas (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Porto Alegre (RS). A partir de setembro haverá mais seis horários de saída para Guarulhos (SP) e outros seis horários de chegadas de vôos de Guarulhos.
SAIBA MAIS
O que muda com os novos equipamentos
ILS (Instrument Landing System)É um sistema de aproximação por instrumentos que orienta a aeronave sobre o eixo da pista e a rampa ideal de aproximação e pouso quando há baixa visibilidade, como em dias de nevoeiro
O que muda com a instalação?
Permite que os pilotos pousem com teto a partir de 300 pés (hoje o limite é de 400) e tenham contato visual com a pista a partir de 1.200 metros (hoje são dois mil metros).
RNP (Required Navigation Perfomance) AR (Authorization Required)É um procedimento de aproximação e pouso orientado por satélite. Gol, Azul e Tam já iniciaram voos de testes com a tecnologia em Joinville. Hoje, somente o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, já opera com a tecnologia.
O que muda com a instalação?
Permite que os pilotos pousem com teto a partir de 300 pés (hoje o limite é de 400) e tenham contato visual com a pista a partir de 1.200 metros (hoje são dois mil metros) na cabeceira 33 e com 300 pés (hoje são 1.100) e visibilidade de 1.200 metros (hoje são 4.800) na cabeceira 15.