sábado, 22 de setembro de 2012

Anac recomenda afastamento de diretores da Trip



As investigações da operação da Trip podem resultar na intervenção da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na empresa e no afastamento de membros da diretoria

Agência Estado 
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Aviões da Trip não possuem certificação para voar a alturas mais baixas antes de pousar
As investigações da operação da Trip podem resultar na intervenção da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na empresa e no afastamento de membros da diretoria. A recomendação está em relatório de fiscalização da empresa, datado de 27 de agosto, e obtido pela reportagem. "Face ao risco envolvido nas operações da empresa Trip Linhas Aéreas, recomenda-se a substituição do diretor de Operações (Fernando Paes Barros) e também do diretor de Segurança Operacional, Rafael Cohen", diz o documento.
O relatório, assinado por três agentes da Anac, também recomenda a "intervenção da Anac na área operacional da empresa" e o encaminhamento do processo ao Ministério Público Federal, pois "os fatos também se enquadram no rol dos ilícitos penais". A Anac informou que o processo ainda está em curso e a empresa tem direito a se defender. As recomendações dos fiscais poderão ou não ser adotadas no fim da investigação, que ainda não tem uma data definida. A Anac abriu processo administrativo contra a Trip Linhas Aéreas para investigar o uso de um procedimento de pouso não autorizado, considerado de "alto risco" pelo órgão.
Fusão
As investigações na Trip ocorrem em um momento em que a empresa está em processo de fusão com a Azul. As duas companhias vão formar a terceira maior empresa do setor. "Não teríamos nos associado à Trip se não tivéssemos certeza de que é uma empresa idônea e que respeita os procedimentos de segurança", disse o diretor de comunicação da Azul, Gianfranco Beting, que também falou em nome da Trip.
Segundo ele, as acusações de que as práticas adotadas pela empresa ferem as regras de segurança não procedem. Beting lembrou que a Trip tem foco em aviação regional e opera em aeroportos onde há uma infraestrutura deficiente.

Governo quer corte de 30% na tarifa de portos


Atualizado: 21/09/2012 22:26 | Por Tânia Monteiro, da Agência Estado, estadao.com.br
BRASÍLIA - O governo espera redução de 30% nas tarifas portuárias após o pacote de concessões que deverá ser anunciado...
BRASÍLIA - O governo espera redução de 30% nas tarifas portuárias após o pacote de concessões que deverá ser anunciado em meados de outubro, informou ao 'Estado' o presidente da Empresa de Planejamento Logístico (EPL), Bernardo Figueiredo. Ele disse que são dois os objetivos perseguidos com as novas medidas: aumentar a capacidade instalada para atender ao mercado nos próximos 20 anos e estimular a competição, para baixar preços.
"Se você tem toda a capacidade concentrada em um único fornecedor, isso pode gerar distorções", comentou. "Na Europa, você tem concorrência porto a porto, e dentro dos portos os terminais disputam um com o outro, e é isso que faz os preços caírem por lá."
O governo também fez um levantamento em cada porto do País para avaliar as necessidades de investimento de cada um. "A capacidade vai variar de porto para porto", disse.
Também em outubro deverão ser negociadas as novas concessões em aeroportos, segundo informou a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, em entrevista ao programa Bom Dia Ministro, da NBR, a TV oficial do governo federal. Ela não adiantou o formato que será adotado, mas garantiu que, qualquer que seja o modelo escolhido, a Infraero terá participação.
Estatal
Hoje, a grande discussão dentro do governo é se a estatal poderá ou não ser majoritária nos consórcios que administrarão os aeroportos concedidos. O domínio da Infraero era a ideia inicial, mas aparentemente a proposta não foi bem recebida pelos grandes operadores de aeroportos que o governo quer atrair para o País.
Gleisi, que participou de visita a aeroportos europeus, no mês passado, em busca de parcerias de modelos de grandes administradoras que o governo gostaria que viessem operar no Brasil, disse que novos modelos ainda estão em estudo. "Independentemente dos europeus, nós queremos falar com as grandes operadoras de aeroportos de todo o mundo, saber da experiência, da gestão dessas operadoras, que já conhecemos por referências, e queremos saber o interesse que elas têm pelo Brasil", comentou a ministra.
Gleisi disse que todas as empresas "têm demonstrado muito interesse em estar fazendo operações conjuntas" e que elas fizeram propostas.
O governo não quer que se repita o erro das primeiras concessões dos aeroportos de Brasília, Guarulhos e Campinas, concedidos no primeiro semestre deste ano. Nesses leilões, todas operadoras que ganharam as licitações eram pequenas e não tinham capacidade de gerir o sistema como o governo desejava.
O caso mais problemático é o do aeroporto de Viracopos, em Campinas. Ali a operadora Egis Airport Operation, que venceu a licitação, tem como maior aeroporto sob seus cuidados o do Chipre, com capacidade para 5,5 milhões de passageiros por ano, inferior à de Viracopos.

Europeus têm interesse em investir em portos


 Atualizado em sexta-feira, 21 de setembro de 2012 - 15h23


Segundo a ministra, o governo brasileiro ainda não definiu as linhas a serem adotadas para melhorar a gestão aeroportuária no país
Gleisi garantiu a participação da Infraero no novo modelo / Fabio Rodrigues Pozzebom/ABrGleisi garantiu a participação da Infraero no novo modeloFabio Rodrigues Pozzebom/ABr

A ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, disse nesta sexta-feira que operadores europeus demonstraram interesse em investir em portos e aeroportos no Brasil. “O Porto de Roterdã [na Holanda] tem interesse, com um grupo de investidores brasileiros, em fazer investimentos no Espírito Santo. É alentador saber que o Brasil desperta este interesse.”

Durante o programa Bom Dia, Ministro, Hoffmann disse que o governo brasileiro consultou também a administradora do Aeroporto de Frankfurt, na Alemanha, na tentativa de formar uma parceria com a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).

“Para a Infraero poder ser, junto com uma empresa desse porte, uma empresa com capacidade, competência e boa gestão para administrar nossos aeroportos. Eles [operadores alemães] têm interesse. Fizeram uma série de propostas de formas de participar dessa parceria. Estamos estudando isso agora”, explicou.

Segundo a ministra, o governo brasileiro ainda não definiu as linhas a serem adotadas para melhorar a gestão aeroportuária no país. Gleisi garantiu apenas que a Infraero não ficará de fora e terá algum tipo de participação no novo modelo.

“A Infraero sempre terá participação. É nossa empresa, é uma empresa que tem se esforçado e crescido muito na gestão aeroportuária. Qualquer que seja o modelo, a Infraero terá participação”, concluiu.

Marconi conhece o maior aeroporto de cargas dos EUA e inicia contatos



Governador fez apresentação de Goiás mostrando números do crescimento econômico do EstadoEnviado por Diário da Manhã - ontem às 22h46
Re­ce­bido no Ae­ro­porto In­ter­na­ci­onal de Miami pelo pre­feito da ci­dade, Carlos Ji­ménez, o go­ver­nador Mar­coni Pe­rillo man­teve ontem os pri­meiros con­tatos nos Es­tados Unidos vi­sando atrair in­ves­ti­mentos para o de­sen­vol­vi­mento do Es­tado de Goiás. Em reu­nião no pró­prio ae­ro­porto, Mar­coni falou de po­lí­tica com Ji­ménez, que é des­cen­dente de cu­banos, e, ci­ce­ro­neado pelo pre­si­dente da Nor­berto Ode­brecht, Gil­berto Neves, e pelo di­retor do ae­ro­porto, José Abreu, co­nheceu como fun­ciona o maior ae­ro­porto de cargas do mundo, o se­gundo em nú­mero de pas­sa­geiros dos Es­tados Unidos e que tem um mo­vi­mento co­mer­cial anual de U$ 3 bi­lhões, trans­por­tando 2 bi­lhões de quilos de mer­ca­do­rias.
Mar­coni fez uma apre­sen­tação de Goiás, mos­trando os nú­meros al­vis­sa­reiros do cres­ci­mento econô­mico do Es­tado nos úl­timos anos e des­ta­cando a ge­ração de em­prego e o cres­ci­mento do Pro­duto In­terno Bruto, o que deixou im­pres­si­o­nados seus in­ter­lo­cu­tores e ex­traiu do pre­feito Carlos Ji­ménez o co­men­tário de que ficou muito im­pres­si­o­nado com os nú­meros apre­sen­tados e também com a de­sen­vol­tura do go­ver­nador de Goiás.
Na opor­tu­ni­dade, Mar­coni disse que pre­tende or­ga­nizar um se­mi­nário em Goiás sobre o de­sen­vol­vi­mento do Es­tado, com a par­ti­ci­pação de po­lí­ticos e em­pre­sá­rios norte-ame­ri­canos e re­pre­sen­tantes dos or­ga­nismos fi­nan­ci­a­dores, como o Banco In­te­ra­me­ri­cano de De­sen­vol­vi­mento (BID) e o Banco In­ter­na­ci­onal para Re­cons­trução e De­sen­vol­vi­mento (Bird). “Vamos buscar uma forma de apre­sentar as opor­tu­ni­dades que tem nosso Es­tado aos ame­ri­canos e saber deles onde os em­pre­sá­rios goi­anos podem in­vestir nos Es­tados Unidos”, disse o go­ver­nador, acres­cen­tando que se en­car­re­garia de fazer a in­ter­lo­cução para a par­ti­ci­pação de téc­nicos do go­verno fe­deral nesse se­mi­nário. O pre­feito Carlos Ji­ménez se mos­trou en­tu­si­as­mado com a ideia.
Ele disse também que es­tava ali para co­nhecer e aprender com o Ae­ro­porto In­ter­na­ci­onal de Miami, porque uma das vo­ca­ções de Goiás é a de ser polo de dis­tri­buição de cargas para o Brasil e que tem já em an­da­mento, em Aná­polis, a cons­trução de um grande ae­ro­porto de cargas, com pista de mais de 3.200 me­tros. Rei­vin­dicou a Gil­berto Neves, ex­per­tise da Ode­brecht, que nos úl­timos 20 anos é a em­presa que faz as re­formas e am­pli­a­ções do Ae­ro­porto de Miami, para au­xi­liar o go­verno de Goiás na im­ple­men­tação desse fu­turo ae­ro­porto goiano, res­sal­tando que a em­presa, através do Con­sórcio Ode­brecht/Via En­ge­nharia, é res­pon­sável pelas obras do novo Ae­ro­porto de Goi­ânia, que devem ficar prontas em 2014.
Acom­pa­nhado pelo se­cre­tário da In­dús­tria e Co­mércio, Ale­xandre Baldy, e al­guns em­pre­sá­rios goi­anos, Mar­coni co­nheceu o fun­ci­o­na­mento do metrô da ci­dade e o sis­tema de li­gação viária com o ae­ro­porto, in­clu­sive como fun­ciona a lo­cação de au­to­mó­veis do ter­minal.
Em se­guida, Mar­coni e co­mi­tiva vi­si­taram o ate­lier do ar­tista plás­tico bra­si­leiro Ro­mero Brito, que é muito co­nhe­cido e pres­ti­giado nos Es­tados Unidos, e já re­cebeu a vi­sita, dentre ou­tros, dos ex-pre­si­dentes Fer­nando Hen­rique Car­doso e Luiz Inácio Lula da Silva, da pre­si­denta Dilma Rous­seff, do ex-pre­si­dente dos Es­tados Unidos Bill Clinton, da rainha Sílvia, da Suécia, e do re­no­mado ci­rur­gião plás­tico bra­si­leiro Ivo Pi­tanguy.

Odebrecht é favorita para ganhar construção de aeroporto no Panamá



A Odebrecht é a favorita para ganhar a milionária licitação para a construção do novo terminal sul do Aeroporto Internacional de Tocumen, no Panamá, informou neste sábado a imprensa local.
A construtora brasileira ofereceu o preço mais baixo, US$ 679 milhões, e recebeu a melhor avaliação técnica, mas deve esperar três dias para que os outros concorrentes interponham ou não reivindicações, antes que o governo lhe adjudique a obra definitivamente.
Na abertura de envelopes, efetuada na sexta-feira, também se qualificou a China Harbour Engineering Company, que pediu US$ 743,83 milhões. O preço de referência para a licitação da obra era de US$ 692 milhões.
O gerente geral do Aeroporto Internacional de Tocumen, Juan Carlos Pino, explicou que a Odebrecht obteve na parte técnica a pontuação mais alta com 68 pontos, enquanto a China Harbour alcançou 47.
A obra consiste em um novo terminal com um tamanho de 75 mil metros quadrados, que incluem o edifício principal, 20 portões de embarque, uma terceira pista de aterrissagem, uma torre de controle e acesso direto à estrada periférica da capital.
A empresa vencedora terá 24 meses para terminar a obra, que elevará para 16 milhões de pessoas anuais a capacidade de passageiros no terminal internacional panamenho, o dobro da atual, segundo o governo. EFE
lbb/rsd

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Embraer inaugura suas duas primeiras fábricas na Europa



21 de setembro de 2012  10h22  atualizado às 10h31

Fábricas em Portugal vão produzir fuselagem e componentes. Foto: Divulgação
Fábricas em Portugal vão produzir fuselagem e componentes
Foto: Divulgação
A Embraer anunciou nesta sexta-feira a abertura das primeiras fábricas na Europa. Na cidade de Évora, Portugal, a Embraer Metálicas e a Embraer Compósitos fabricarão estruturas de fuselagem e componentes.
De acordo com a fabricante, o investimento foi de 177 milhões de euros nas duas unidades. A cerimônia de inauguração contou com a presença do presidente português, Aníbal Cavaco Silva.
"A inauguração hoje das primeiras fábricas da Embraer na Europa é um passo decisivo na nossa estratégia industrial", afirmou em nota Frederico Fleury Curado, diretor-presidente da Embraer.
A fabricante brasileira anunciou a escolha de Évora para suas primeiras fábricas na Europa em meados de 2008, e a construção começou em 2010. As duas unidades devem alcançar plena capacidade de produção no segundo semestre de 2013, segundo a Embraer.

Companhias árabes e asiáticas usam crise econômica para ganhar mercado



Apoio do governo e investimento em rotas outrora “desprezadas”pelas empresas americanas e europeias impulsionaram o crescimento das companhias da região Ásia-Pacífico

Danielle Brant - iG São Paulo 
De uns anos para cá, o brasileiro que viaja para o exterior se acostumou a ver nos principais aeroportos internacionais nacionais companhias aéreas de países como Emirados Árabes Unidos, Catar ou Cingapura. Mas a surpresa maior é descobrir que dez dessas empresas do Oriente Médio e Ásia lideram o ranking de melhores aéreas do mundo da Skytrax, companhia que realiza pesquisas independentes no setor aéreo. Para especialistas, o forte apoio governamental que algumas delas recebem e o crescimento do mercado asiático ajudam a explicar por que essas empresas deixaram para trás nomes tradicionais da aviação mundial, outrora dominada por americanas e europeias.
O ponto principal que sustenta a expansão das companhias do Oriente Médio e da Ásia tem a ver com a economia mundial. “Houve uma mudança no eixo econômico que, talvez, não estivesse clara alguns anos atrás, mas ficou mais evidente com a crise dos países desenvolvidos que foram perdendo poder econômico, em especial Europa e Estados Unidos”, afirma Marcos José Barbieri Ferreira, professor de Economia da Unicamp.
Conheça as dez melhores companhias aéreas do mundo, segundo ranking da Skytrax
Qatar Airways: a melhor companhia aérea do mundo pelo segundo ano seguido. Foto: Divulgação
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Enquanto isso, Emirados Árabes Unidos e Catar vêm mantendo um poder econômico muito grande, enquanto pequenas nações que ficam na borda da região da Ásia-Pacífico se beneficiam desse crescimento regional. “Esses países se tornam centros financeiros e comerciais de reciclagem de capital, onde há forte movimentação financeira, maior liberdade financeira, regras mais flexíveis e menos impostos”, ressalta.
“Eles também se tornaram grandes hubs mundiais, ou seja, grandes centros de conexões mundiais. As companhias trazem pessoas do mundo inteiro para lá e levam as pessoas do mundo inteiro para lá, se aproveitando da proximidade e ligação com esses países que mais estão crescendo no mundo”, complementa o professor.
Essas nações também se posicionaram como portas de entrada dessas regiões, por terem consolidado suas rotas domésticas em um momento em que as tradicionais americanas e europeias achavam que não valia a pena investir nesses locais. “O mundo ocidental descuidou muito, existia a percepção de que havia muito risco nesses países, seja comercial, político, de guerra”, afirma Antonio Uras, sócio de Consultoria da Ernst & Young Terco.
Como resultado, as companhias árabes e asiáticas navegaram sozinhas por um período grande sem serem incomodadas por nenhuma “grande”. “Elas criaram volume e ganharam escala, o que é tudo em aviação. Agora, têm rotas consolidadas, caras de entrar e são difíceis de desbancar. E essas empresas têm folga para vir brigar com quem está fraco no seu mercado de origem”, completa.
Apoio
Essa folga financeira, em um momento em que as principais companhias ocidentais passa por dificuldades em seus balanços, é reforçada por alguns fatores, segundo especialistas. Um deles seria a presença de sindicatos de trabalhadores mais fracos, o que faz com que essas empresas não enfrentem greves e paralisações como as que afetaram, mais recentemente, a alemã Lufthansa e a espanhola Iberia.
“Quando se fala de companhias ocidentais, há uma problemática com funcionários e sindicatos que não existe com as asiáticas e árabes, porque a organização dos funcionários é mais fraca e não é preciso negociar com sindicato de pilotos muito fortes”, ressalta Uras, da Ernst & Young Terco.
Algo que também ajuda a minar o poder de reivindicação dos funcionários é o fato de boa parte da infraestrutura aeroportuária ter gestão estatal. “Muitas companhias asiáticas e árabes são de propriedade de governos e chefes de Estado e sheiks. E essa influência se estende aos aeroportos, onde há um planejamento centralizado das operações das companhias aéreas”, afirma o especialista.
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Segundo especialistas, combustível subsidiado é uma das vantagens competitivas das aéreas do Oriente Médio
Esse apoio acaba gerando controvérsias, principalmente com a acusação das empresas americanas e europeias de que as rivais do Oriente Médio recebem ajuda governamental sob a forma de combustível mais barato. Mas, segundo especialistas, haveria um fundo de verdade nessas acusações. “A matéria-prima desses países é o petróleo. Às vezes é mais barato o litro de gasolina do que o de água. O que para Brasil, Estados Unidos e Europa é caro, para eles é matéria prima”, afirma Luciano Sampaio, sócio da PwC Brasil e especialista no setor aeroespacial.
Maurício Levy, sócio da Fama Investimentos, faz uma comparação para exemplificar a vantagem competitiva que o subsídio traria às empresas do Oriente Médio. “Na Gol, o combustível pode representar 35%, 40% de seus custos. Na Emirates, o peso seria de 10% a 15%”, explica. O barril de petróleo negociado na Bolsa Mercantil de Nova York é cotado no patamar de US$ 92, contra US$ 79,85 de um ano antes, uma alta de mais de 15%.
“Uma companhia ocidental tem que fazer hedge, comprar petróleo e se preocupar com a variação de preço e câmbio. A árabe com combustível subsidiado não precisa”, afirma Uras, da Ernst & Young Terco.
“A gasolina de aviação subsidiada dá uma vantagem que não tem como tirar em outras coisas. Os demais custos, com manutenção de avião, leasing, pagamento de pessoal, são os mesmos”, lembra. Entretanto, a manutenção das aeronaves para as companhias do Oriente Médio e asiáticas acaba se tornando um pouco mais cara, pois os aviões têm que ser enviados para a Europa ou para os Estados Unidos.
Apesar disso, a Emirates, uma das empresas que se beneficiaria dos subsídios, nega haver qualquer vantagem competitiva em relação ao combustível. Em comunicado disponível em seu site, a empresa afirma que os Emirados Árabes Unidos têm reservas de petróleo limitadas e uma refinaria de pequeno porte. “Os principais fornecedores de querosene são companhias de energia ocidentais que cobram preços de mercado”, afirma o documento.
Vale lembrar que somente o subsídio não garante que, no futuro, essas empresas continuem no azul. Muitas companhias aéreas americanas e europeias já contaram com participação do governo em algum momento da sua história. “O próprio mercado americano já teve ajuda por bastante tempo, mas, depois do 11 de Setembro, o governo precisou priorizar investimentos. Isso iniciou uma crise no mercado aéreo, e as empresas não conseguiram se sustentar”, afirma o sócio de Consultoria da Ernst & Young Terco. Air France, Alitalia e, mais recentemente, a TAP também são exemplos de companhias estatais que foram privatizadas e que apresentam prejuízo.
Reestruturação
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American Airlines em concordata: mais uma companhia aérea ocidental em crise
Para voltar a ganhar mercado, resta às empresas americanas e europeias remodelar suas operações, na opinião dos especialistas. “Elas devem optar por fusões para se manterem. British e Iberia já fizeram isso na Europa, LAN e TAM aqui na América do Sul”, afirma Luciano Sampaio, da PwC Brasil. “É uma forma de serem mais competitivas, pois o custo fixo por aeronave diminui”, ressalta.
Um dos últimos movimentos nesse sentido foi dado pela Emirates e pela Qantas, que, em 6 de setembro, assinaram um pacto que dará aos clientes da companhia árabe uma rede internacional e contínua à Austrália.
Mas, na opinião de Antonio Uras, por si só as parcerias não resolvem. “O setor de aviação é absolutamente cíclico, e estamos em um ciclo de maus resultados. É difícil achar causa única para os problemas (das companhias americanas e europeias), seja o preço do petróleo, a queda do volume de passageiros, o custo da mão de obra”, ressalta Antonio Uras. “Há um movimento de consolidação. Por exemplo, a United se uniu à Continental para ganhar escala, mas não consegue resolver todas essas questões.”
“O que precisa é resgatar a preocupação com o serviço. Viajar de avião hoje é parecido com transportar gado. Talvez esse seja um dos pontos de diferenciação, retomar a preocupação com o serviço”, analisa Uras.