José Efromovich, presidente da Avianca Brasil: já temos a nossa
noiva escolhida
São Paulo - Na contramão da
maioria das companhias aéreas brasileiras – que vem buscando parcerias para se
consolidar no mercado –, a Avianca Brasil não tem a intenção de se unir, muito
menos comprar alguém no curto ou médio prazo.
Segundo José Efromovich,
presidente da companhia no Brasil, a Avianca já tem uma noiva
predestinada: a colombiana Avianca-Taca, controlada pelo grupo Sinergy, único
dono da companhia brasileira, e pode a qualquer momento anunciar um
casamento.
"Quando reestruturamos nossa
operação, em 2008, decidimos trilhar outro caminho para crescer e tem dado
certo", afirmou o empresário, com exclusividade a EXAME.com. Veja, a seguir,
os principais trechos da entrevista concedida por ele:
EXAME.com: Até quando a Avianca
pretende ser uma empresa de nicho?
José Efromovich: Dizer que não estamos preocupados em crescer é
mentira. Todo mundo está. Mas, em 2008, quando decidimos reestruturar nossas
operações, decidimos com isso trilhar outro caminho: o de voar com os pés no
chão, com uma operação menor, mas sustentável.
EXAME.com: Assim como a maioria
das companhias aéreas brasileiras, a Avianca não planeja nenhuma fusão ou
aquisição?
Efromovich: Já temos a nossa noiva
predestinada: a Avianca –Taca. Podemos anunciar esse casamento a qualquer
momento, mas não há pressa para isso. Não somos uma noiva desesperada para
casar.
EXAME.com: Como funciona essa
parceria com a Avianca Internacional?
Efromovich: São operações
independentes. Não existe nenhum vinculo entre as duas companhias. Existe
apenas o fato de elas terem o mesmo dono. Hoje, o grupo Sinergy detém 100% da
Avianca Brasil e mais de 60% da Avianca-Taca.
EXAME.com: A fusão recente de
Azul e Trip atrapalha algum plano da Avianca Brasil?
Efromovich: Não. Tanto a Azul quanto a
Trip têm poucas rotas que concorrem diretamente com a gente. O fato de elas
estarem juntas ou separadas não faz muita diferença para o nosso negócio.
EXAME.com: Então o que preocupa
são os grandes players desse setor?
Efromovich: As grandes são as que mais colidem em termos
de rotas, mas não em termos de produtos. Porque temos o melhor produto, sem arrogância.
Basta ver a nossas taxas de ocupação, sempre as mais altas entre as companhias.
EXAME.com: Recentemente, houve
rumores de que vocês estavam interessados na portuguesa TAP. Por que essa
operação seria interessante para Avianca?
Efromovich: É certo
que a TAP não vive uma de suas melhores fases. É uma empresa que acumula uma
série de prejuízos, mas é a europeia que mais voa para o Brasil e tem presença
maciça em muitas regiões da Europa. Estamos aguardando o edital de venda do
governo português, para avaliar se o negócio vale ou não a pena.
EXAME.com:
A crise na Europa e a desaceleração do mercado chinês devem desacelerar a
economia no mercado brasileiro. Isso pode chegar ao setor aéreo?
Efromovich: É óbvio que esse cenário afete o Brasil e que
nossa economia não siga na mesma euforia dos últimos anos, mas não acredito em
um cenário de recessão forte, que possa mexer com as necessidades de locomoção
do brasileiro e com o turismo no país. Tanto que não estamos fazendo nenhuma
mudança de plano de crescimento para os próximos anos.
EXAME.com:
E o aumento do câmbio preocupa a Avianca?
Efromovich: Dólar é um fator
importante para o setor. O câmbio a 1,5 real não era sustentável. Acredito que
uma estabilização entre 1,9 real e 2 reais seja sustentável para a nossa
operação.
EXAME.com:
Neste ano podemos esperar o primeiro lucro da Avianca?
Efromovich: Neste ano podemos esperar
um equilíbrio das nossas contas. A Avianca vem de um processo continuo de
diminuição de prejuízo. Neste ano, se não houver nenhum fator que fuja do nosso
controle, nossos números vão se equilibrar.
EXAME.com:
E os planos de crescimento para os próximos anos?
Efromovich: Neste ano, vamos acrescentar pelo menos mais
cinco aviões à nossa frota e em 2013 outros cinco, no mínimo. A partir de 2014,
vamos começar a substituir aeronaves mais antigas por novas. Isso aumenta nossa
oferta, sem precisarmos de mais slots.
EXAME.com:
Como o senhor vê o mercado de aviação nos próximos anos?
Efromovich: Vejo um continuo processo de consolidações.
Acredito que nos próximos cinco anos deva existir no máximo meia dúzia de
companhias aéreas em toda a América Latina. Sempre existe o marido ideal para
as noivas disponíveis.